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Carlos Drummond de Andrade
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Ricardo Gondim
porque a humanidade lhe ensinou a pescar
no rio do desengano.
Desgraçado o que sabe descansar
no colchão desumano
onde piolhos picam até cansar.
no morro do Rio de Janeiro;
é ela que, em toda hora,
contempla o rés do chão ligeiro,
para ela não haverá desforra,
Nenhum cavalheiro
lhe fornecerá o lenço
para suavizar a face
que a lágrima acalora.
que jaz alucinado
na suja enfermaria sem espelho;
por toda eternidade
ele se imagina aprisionado,
vendo escaravelho
no lustre empoeirado.
que festejam seus faustos feitos;
eles sorvem um vinho pleno de ais;
sem felicidade nos coitos
sabem que suas mulheres são iguais
às meretrizes menos genais.
que das verdades fazem dardos
e com elas proferem males rancorosos.
Eles condenam seus convertidos
a viverem como eternos medrosos.
eles aceitam qualquer migalha divina
como bênção dividida.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de beleza;
eles caminharão como filhos de poetas,
comerão seus versos na sala da realeza
e só eles perceberão na graúna
partituras completas.
que no circo se balançam perigosamente;
eles nos tiram as vistas
pois somos pobres ilusionistas
que também nos penduramos em fitas
esperando despencar subitamente.
Bem-aventurados os maratonistas
que correm sem esperança de prêmio;
eles buscam suas metas
só pela alegria das conquistas.
Bem aventurados os impotentes;
que se sabem incapazes de amar,
só eles se enxergam carentes
e só neles o Espírito se vai derramar.
Ricardo Gondim.
Acredito que o amanhã continuará com semelhantes tempestades.
No vai e vem da vida tudo continuará se esvaindo em vaidades.
A lágrima continuará a vazar pelas valetas do desdém.
O uivo dolorido da criança que se desmancha em diarréias,
continuará abafado pela imensidão da noite.
A muralha que isola o esfarrapado continuará sólida.
A estrela do general continuará polida.
O fadista continuará ébrio de melancolia.
Mas insisto em não desistir.
Não sei explicar a força que me assalta.
Sem noção, retomo à minha sina,
minha vocação, mesmo com tanto sofrer.
A sandice de simplesmente resistir é meu vício.
Ressinto o preço de aceitar ser parceiro
do padecer humano,
mas não resisto ao aceno celeste.
Desisto do sucesso, da sagração humana.
Morro para a ambição de empunhar cetros.
Abandono a conquista dos sonhos.
Simplesmente sigo em assimilar
a mais singela de todas as façanhas:
perseverar na Esperança.
Soli Deo Gloria.
Misterioso cartão de Natal
O Natal é a festa das crianças e da divina Criança que se esconde dentro de cada adulto. É altamente inspiradora a crença de que Deus se acercou dos seres humanos na forma de uma criança. Assim ninguém pode alegar que Ele é apenas um mistério insondável, fascinante por um lado e aterrador por outro. Não. Ele se aproximou de nós na fragilidade de um recém-nascido que choraminga de frio e que busca, faminto, o seio materno. Precisamos respeitar e amar esta forma como Deus quis entrar no nosso mundo. Pelos fundos, numa gruta de animais, numa noite escura e cheia de neve “porque não havia lugar para ele nas pousadinhas de Belém”.
Mais consoladora é ainda a ideia de que seremos julgados por uma criança e não por um juiz severo e esquadrinhador. Criança quer brincar. Ela se enturma imediatamente com todas as outras, pobres, ricas, japonesas, negras e loiras. É a inocência originária que ainda não conheceu as malícias da vida adulta.
A divina Criança nos introduzirá na dança celeste e no festim que a família divina do Pai, do Filho e do Espírito Santo prepara para todos os seus filhos e as suas filhas, não excluídos aqueles que, um dia, foram desgarrados.
Estava refletindo sobre esta realidade bem-aventurada quando um anjo, daqueles que cantaram aos pastores nos campos de Belém, se aproximou espiritualmente e me entregou um cartãozinho de Natal. De quem seria? Comecei a ler. Nele se dizia:
“Queridos irmãozinhos e irmãzinhas:
Se vocês ao olharem o presépio e ao verem lá o Menino Jesus no meio de Maria e de José e junto do boi e do jumento, se encherem de fé de que Deus se fez criança, como qualquer um de vocês;
Se vocês conseguirem ver nos outros meninos e meninas a presença inefável do Menino Jesus que uma vez nascido em Belém, nunca nos deixou sozinhos neste mundo;
Se vocês forem capazes de fazer renascer a criança escondida nos seus pais, nos seus tios e tias e nas outras pessoas que vocês conhecem para que surja nelas o amor, a ternura, o cuidado com todo mundo, também com a natureza;
Se vocês, ao olharem para o presépio, descobrirem Jesus pobremente vestido, quase nuzinho e lembrarem de tantas crianças igualmente mal vestidas e se sofrerem no fundo do coração por esta situação e se puderem dividir o que vocês têm de sobra e desejarem já agora mudar este estado de coisas;
Se vocês, ao verem a vaquinha, o burrinho, as ovelhas, os cabritos, os cães, os camelos e o elefante no presépio e pensarem que o universo inteiro é também iluminado pela divina Criança e que todos eles fazem parte da grande Casa de Deus;
Se vocês olharem para o alto e virem a estrela com sua cauda luminosa e recordarem que sempre há uma estrela como a de Belém sobre vocês, acompanho-os, iluminando-os, mostrando-lhes os melhores caminhos;
Se vocês se lembrarem que os reis magos, vindos de terras distantes, eram, na verdade, sábios e que ainda hoje representam os cientistas e os mestres que conseguem ver nesta Criança o sentido secreto da vida e do universo;
Se vocês pensaram que esse Menino é simultaneamente homem e Deus e por ser homem é seu irmão e por ser Deus existe uma porção Deus em vocês e por causa disso, se encherem de alegria e de legítimo orgulho;
Se pensarem tudo isso então fiquem sabendo que eu estou nascendo de novo e renovando o Natal entre vocês. Estarei sempre perto, caminhando com vocês, chorando com vocês e brincando com vocês até aquele dia em que chegaremos todos, humanidade e universo, na Casa de Deus que é Pai e Mãe de infinita bondade, para morarmos sempre juntos e sermos eternamente felizes”.
Belém, 25 de dezembro do ano 1.
Assinado: Menino Jesus
Leonardo Boff
O que ficou estabelecido na cruz
Artigo 1º - Fica decretado para a consciência de todo homem que a Cruz de Cristo é a Realidade Primeira de todas as coisas, visto que antes de haver Luz, houve Cruz.
Artigo 2º - Fica estabelecido que toda a criação teve sua origem no Sangue, pois que o Cordeiro de Deus foi imolado antes da fundação de todos os mundos.
Artigo 3º - Fica para sempre declarado que a Luz só pôde ser criada porque a Cruz fez separação entre a Luz e as Trevas, sendo que ambas existem por decreto da Palavra de Deus, e somente se explicam no Eterno Sacrifício de Cristo antes de todas as criações.
Parágrafo Único: Em Jesus Cristo o Verbo se Encarnou, e a Cruz histórica é a Encarnação do Sacrifício Eterno realizado antes de todas as coisas e por todas as coisas.
Artigo 4º - Por decreto irrevogável está para sempre estabelecido que todo joelho se dobre e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor para a Glória de Deus, o Pai.
Artigo 5º - Fica decretado que o Mistério dos Mistérios é a Cruz de Cristo, e que dela são beneficiárias todas as criaturas, especialmente os seres humanos que Hoje assim já crerem.
Artigo 6º - Pela Vitória do Sangue de Jesus ficou estabelecido o Fim do Mundo e o Início de Todas as Coisas. Por isso, a eternidade já reina nos corações dos que crêem. Os inimigos dessa Vitória já foram despojados de seus poderes, estando apenas se servindo da ignorância dos que ainda não creram.
Parágrafo da Vitória: O Diabo e seus anjos foram despojados de seus poderes na Cruz de Jesus, tendo agora apenas o poder que a maldade humana lhes fornece como alimento. Mas o tempo está próximo.
Artigo 7º - Fica decretado que todo aquele que crer em Jesus terá acesso à Árvore da Vida e à exclusividade de uma Comunhão com o Pai que apenas a cada indivíduo concerne em Deus.
Parágrafo Diferencial: Todo aquele que crê anda com a marca do Cordeiro na fronte e é identificado pelos poderes invisíveis, mesmo estando calado.
Artigo 8º - Pela sabedoria eterna de Deus se fez decreto a seguinte certeza: Jesus é a verdadeira luz que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem.
Artigo 9º - Por decreto do amor de Deus e de Sua fidelidade está estabelecido que ninguém que creia em Jesus será lançado fora da Redenção, e também que nada separará tal pessoa do amor de Deus para sempre. Nem o abismo!
Parágrafo da Vida: Quem crê está para sempre perdoado e pode andar tranqüilo em qualquer lugar, especialmente nos ambientes de seu próprio coração.
Artigo 10 - Fica de uma vez e para sempre estabelecido que aos homens é dado o direito de existir, porém toda existência só se transformará em Vida mediante a consciência do amor, pois Deus é amor.
Parágrafo Eterno: Ele é o Primogênito de toda criação, e por meio dele todas as coisas foram criadas; dele são todas as coisas, portanto, para Ele um dia todas as coisas retornarão. Na Cruz Ele reconciliou consigo mesmo todas as coisas, e todo aquele que crê tem que ter esse entendimento, para que viva bem, ame o próximo e não destrua a Terra.
Autor: Caio Fabio
visite o site:
http://www.caiofabio.net
e
www.vemevetv.com.br
De forma brilhante o Jornal Nacional, da Rede Globo, fez uma interessante série de matérias sobre os evangélicos no Brasil. Os videos são bem interessantes pois mostram a contribuição social de algumas igrejas. Esses videos são exemplos do que é missão integral, isto é, o cuidado com o corpo e com a alma do ser humano.
De forma brilhante o Jornal Nacional, da Rede Globo, fez uma interessante série de matérias sobre os evangélicos no Brasil. Os videos são bem interessantes pois mostram a contribuição social de algumas igrejas. Esses videos são exemplos do que é missão integral, isto é, o cuidado com o corpo e com a alma do ser humano.
De forma brilhante o Jornal Nacional, da Rede Globo, fez uma interessante série de matérias sobre os evangélicos no Brasil. Os videos são bem interessantes pois mostram a contribuição social de algumas igrejas. Esses videos são exemplos do que é missão integral, isto é, o cuidado com o corpo e com a alma do ser humano.
De forma brilhante o Jornal Nacional, da Rede Globo, fez uma interessante série de matérias sobre os evangélicos no Brasil. Os videos são bem interessantes pois mostram a contribuição social de algumas igrejas. Esses videos são exemplos do que é missão integral, isto é, o cuidado com o corpo e com a alma do ser humano.
A matéria abaixo é da Folha de São Paulo, e além de mostrar uma triste realidade do Brasil esboça sua relação histórica.
***
A riqueza do setor sucroalcooleiro, que movimentará neste ano R$ 40 bilhões, não atingiu os lavradores. Em 1985, um cortador
Em 19 cidades do interior -na capital foi ouvido um representante dos empresários- , os repórteres procuraram entender por que, entre nove culturas agrícolas, a da cana reúne os trabalhadores mais jovens.
Exige alto esforço físico uma atividade em que é preciso dar 3.792 golpes com o facão e fazer 3.994 flexões de coluna para colher 11,5 toneladas no dia. Nos últimos anos, mortes de canavieiros foram associadas ao excesso de trabalho.
Conta-se a seguir o caso de um bóia-fria que morreu semanas após colher 16,5 toneladas. Não há paralelo em qualquer região com tamanho rendimento.
Na estrada, flagraram-se ônibus deteriorados, ausência de equipamentos de segurança no campo, moradias sem higiene e pagamento de salário inferior ao mínimo.
Conheceram-se comunidades de canavieiros que dependem do Bolsa Família, migrantes que tentam a sorte e lavradores que querem se livrar do crack e de outras drogas.
Descobriram-se documentos que comprovam a existência de fraudes no peso da cana, lesando os lavradores.
No auge e na decadência do ciclo da cana-de-açúcar, os escravos cuidaram da lavoura e puseram os engenhos para funcionar. A arrancada do etanol brasileiro foi dada por lavradores na maioria negros.
Assim como os escravos sumiram de certa historiografia, os cortadores são uma espécie invisível nas publicações do setor. Exibem-se usinas high-tech, mas oculta-se a mão-de-obra da roça.
Impressiona na viagem ao mundo e ao submundo da cana a semelhança de símbolos da lavoura atual com a era pré-Abolição. O fiscal das usinas é chamado de feitor.
Acumulam-se denúncias de trabalho escravo. É um erro supor que as acusações de degradação passem longe do Estado mais rico do país e se limitem ao "Brasil profundo". Uma delas é narrada adiante.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem minimizado os relatos sobre trabalho penoso nos canaviais. No ano passado, ele disse que os usineiros "estão virando heróis nacionais e mundiais porque todo mundo está de olho no álcool".
O medo de retaliações é grande entre os canavieiros. Nenhum nome foi mudado nos textos, mas algumas pessoas, a pedido, são identificadas apenas pelo prenome ou nem isso. As entrevistas foram gravadas com consentimento.
São muitos esses anti-heróis: segundo os usineiros, há 335 mil cortadores de cana no Brasil, incluindo os 135 mil de São Paulo. No Estado, prevê-se a extinção do corte manual para 2015, junto com as queimadas que facilitam a colheita.
O canavial não está tão longe quanto parece: ao encher o tanque com
Matéria da Folha de São Paulo. Outubro de 2008.
***
A Bíblia apresenta a na história da formação do povo hebreu um momento em que o povo esteve escravizado e vivendo em circunstâncias de trabalho duríssimas:
“E os egípcios puseram sobre eles feitores de obras, para os afligirem com suas cargas. E os israelitas edificaram a Faraó as cidades-celeiros, Pitom e Ramessés.” (Êxodo 1.11)
Mas a Escritura Sagrada afirma que Deus viu a difícil aflição do povo e se comprometeu a promover sua libertação:
Êxodo 3.
7. Disse ainda o SENHOR: Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento;
8. por isso, desci a fim de livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel; o lugar do cananeu, do heteu, do amorreu, do ferezeu, do heveu e do jebuseu.
9. Pois o clamor dos filhos de Israel chegou até mim, e também vejo a opressão com que os egípcios os estão oprimindo.
A Missão da Igreja diante das injustiças
Miquéias 3.
8. Mas, decerto, eu sou cheio da força do Espírito do SENHOR e cheio de juízo e de ânimo, para anunciar a Jacó a sua transgressão e a Israel o seu pecado.
9. Ouvi agora isto, vós, chefes da casa de Jacó, e vós, maiorais da casa de Israel, que abominais o juízo e perverteis tudo o que é direito,
10. edificando a Sião com sangue e a Jerusalém com injustiça.
Alexandre L.M Brandão.
Insuficiências...
Ricardo Gondim.
Não basta o abraço, é preciso apertar o corpo.
Não basta o beijo, é preciso lambuzar o rosto.
Não basta o riso, é preciso comunicar alegria.
Não basta a companhia, é preciso criar sintonia.
Não basta o compromisso, é preciso persistir de mãos dadas.
Não basta a canção, é preciso inspirar o espírito.
Não basta o sono, é preciso não perceber noite passar.
Não basta o apetite, é preciso santificar o prato.
Não basta a oração, é preciso transcender no mistério.
Não basta o sexo, é preciso misturar as peles.
Não basta a luta, é preciso nobreza no ideal.
Não basta a sinceridade, é preciso fazer parceria com a verdade.
Não basta o existir, é preciso viver.
Soli Deo Gloria.
O ROMEIRO, O VENTO E O SOL
Consegue-se às boas, mansamente, o que se não consegue a mal, à força, de repelão. A melodia de uma flauta abre mais janelas do que uma trovoada.
Vou exemplificar.
O Senhor Vento e o Senhor Sol, lá do seu miradoiro, observam o que se passa cá em baixo. Os dois dispensam binóculos.
Estavam eles entretidos, na sua quadrilhice de varanda, quando viram um romeiro, daqueles que percorrem a pé os caminhos que vão dar à Galega Compostela.
Ia de chapeirão e larga capa, que o cobria até aos pés.
Nodoso cajado de ajudar às subidas, um saquitel ao ombro e a cabeça à cintura, para o vinho que aquece, eis o quadro completo do devoto de São Tiago, o Apóstolo, com catedral famosa na cidade de Compostela.
– Aquele, ali, todo embiocado, que nem se percebe quem será, se é velho, se é novo, se é loiro, se moreno, está a irritar-me – disse o Senhor Vento, muito dado a caprichos.
– Aposto que é novo e moreno – disse o Senhor Sol, por desfastio.
– Pois eu acho o contrário. O homem é velho e branco de cabelo, que já foi loiro – apostou o Senhor Vento. Mas já vamos ver isso. Eu sopro com toda a força e descubro-o.
– Aposto que não resulta – contrapôs o Senhor Sol, divertido com o passatempo.
Levantou-se uma ventania de dobrar as árvores. O romeiro fincou-se ao cajado, puxou o chapéu para a cara e apertou a capa. Por mais que o Senhor Vento soprasse não houve meio de derrotar o viandante.
– Primeira aposta perdida – riu-se o Senhor Sol.
Ele a rir e seus raios a brilharem com mais alegria e calor. O Senhor Sol arredou umas nuvenzitas e concentrou toda a sua atenção sobre o romeiro, que seguia estrada fora, no passo firme de quem não pode faltar ao encontro.
Santiago esperava-o.
O Senhor Sol não o largava.
À beira de uma fonte, o caminheiro parou. Desfez-se do chapeirão, que poisou com a capa e o cajado no rebordo do fontanário, despiu a camisa e, de tronco nu, refrescou rosto e corpo, na água que corria. Delicado.
Era loiro e jovem.
– Desta vez não ganhou ninguém – concluiu o Senhor
Vento.
– Ganhou ele – disse o Senhor Sol, apontando o moço, que passava um lenço a escorrer água pela cara e pelos ombros. – E, embora tenha apostado que ele era moreno, eu acho que também já ganhei o dia.
E, com todos os seus costumados vagares, o Sol começou a preparar as cores do entardecer.
FIM
Texto de António Torrado
A fábula acima ilustra bem a verdade do texto bíblico:
“Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos.” Zacarias 4.6
O Homem Animal
HOMEM - PÓ
SI 8.4,5
"Que é o homem, que dele te lembres? e o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus, e de glória e de honra o coroaste" (Sl 8.4,5).
Disse o filósofo Platão: "O homem é um animal de duas pernas - sem penas." Sócrates, então, comprou um galo, tirou-lhe as penas, e levou-o à escola de Platão, exclamando: "Eis o homem de Platão".
O homem tem sido comparado a diversas espécies de animais: animal que ri, animal que cozinha, animal com polegares, animal preguiçoso. O Dr. Franklin o chama de animal que faz instrumentos. Um animal que cultiva é a sugestão de Walker. Hazlitt o designa animal poético. Diz Adam Smith: "Animal algum é como o homem. O homem é um animal que faz negócios. Cão algum troca um osso com outro".
O homem, ser decaído da graça de Deus por sua desobediência.
O homem, ser redimido, pela infinita graça de Deus, através do sangue.
" Sócrates, então, comprou um galo, tirou-lhe as penas, e levou-o à escola de Platão, exclamando: "Eis o homem de Platão"
ALMEIDA, Natanael de Barros. Coletânea de Ilustrações para Pregadores. Edições Vida Nova
Jesus ensina que a oração deve constar de seis ítens. Antes que o homem possa expressar qualquer um dos cinco, deve dizer: “Santificado seja o teu nome.”
Certa vez, Moisés estava no monte cuidando do rebanho. De repente, ele viu um arbusto em chamas, que contudo não se consumia. Depois de alguns instantes ele se aproximou para ver o que era.
Era Deus que se encontrava naquela planta, desejando revelar a Moisés a sua vontade para a vida dele, mas logo que o profeta se aproximou ouviu uma voz que dizia: “Tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa.” (Ex. 3:5). Isto significa que antes que Deus possa falar com o homem, este tem que mostrar respeito e reverencia.
Muitas pessoas só se lembram de orar em caso de extrema necessidade, isto é, quando tem um problema que não podem resolver por si mesmas.
Suas orações se centralizam nelas e naquilo que querem de Deus. É por isso que são poucas as pessoas que realmente oram com poder. Jesus diz que temos que colocar Deus em primeiro lugar. Santificar quer dizer respeitar, reverenciar.
Notemos, porém, que Jesus não nos manda santificar o nome de Deus.
Antes, o que fazemos é uma petição: pedimos que ele faça algo que nós não podemos fazer. Pedimos que ele santifique o próprio nome. O homem profano não pode fazer nada para Deus, enquanto o Senhor não fizer alguma coisa em favor dele. Suponhamos que um pintor — o maior gênio de todos os tempos — dissesse: “Vou subir até o espaço para pintar o céu”.
Nós nos riríamos dele. Do mesmo modo, e impossível ao homem santificar o nome de Deus. Se fossemos tentar escurecer o céu com piche, só conseguiríamos nos sujar. O céu continuaria do mesmo jeito. Então, o que e que Jesus quis dizer com esta frase?
A ênfase da sentença não se encontra no vocábulo “santificado”, mas sim em “nome”. A Bíblia e um livro de nomes. Cada nome tem um significado próprio, com a finalidade de revelar o caráter da pessoa. O nome Jesus, por exemplo, significa: Deus é salvação. Foi por isso que o anjo disse a José: “E lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.” (Mt. 1:21)
Quando André levou seu irmão a Cristo, o Senhor disse: “Tu és Simão, o filho de João”. O nome Simão significa areia; e era uma descrição de seu caráter. Mais tarde, sob a influência de Cristo, ele se tornaria uma nova pessoa. Assim sendo, Jesus disse que seu nome seria mudado: “Serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro)”, uma rocha sólida e inabalável. (Jo 1:42)
Saber o nome de uma pessoa significava conhecer a pessoa. Assim, o “nome” de Deus contém a revelação de sua natureza. Quando dizemos: “Santificado seja o teu nome”, o que estamos realmente falando é: “Revela-te a mim, ó Deus.” Jó disse: “Porventura desvendarás os arcanos de Deus ou penetrarás até a perfeição do Todo-Poderoso? (Jó 11:7). A resposta e não. O homem só pode conhecer Deus na medida em que o Senhor se revela a ele.
Walter de La Mare, poeta inglês, expressou uma dúvida que ocorre a todos nós, às vezes: “Será que há mesmo alguém lá em cima me ouvindo?” Antes de começarmos a orar, temos que nos convencer de que há alguém ali, pronto a nos ouvir, e, depois termos consciência de sua presença.
Há três maneiras — talvez quatro — pelas quais Deus se revela. Primeiro, na sua maravilhosa criação. “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.” (Sl. 19:1). Esta foi a primeira revelação que Deus fez de si mesmo. Quantas vezes estamos numa praia e nos sentimos arrebatados pela vastidão sem fim do mar. Quando nos lembramos de que ele pode segurar os mares “na concha de sua mão” (Is. 40:12), então nós temos uma pequena idéia de como é o seu poder. Ao contemplar os picos das grandes montanhas, ficamos profundamente impressionados com sua majestade e imponência.
Jesus olhou reverentemente para um “lírio do campo”, e viu nele a glória de Deus (Mt. 6:28-29).
A terra está repleta do céu; cada arbusto de mato arde com a presença de Deus”, disse a poetisa Elizabeth Browning. Quando olhamos para os céus vemos a imensidade de Deus; depois olhamos para um floco de neve e vemos sua perfeição. Um pôr-de-sol nos fala de sua beleza.
Contudo o homem moderno aventura-se a usar seu próprio conceito de divindade a fim de suprimir esta revelação de Deus. Em vez de orar pedindo chuvas, nós pensamos em chuvas artificiais. Nós podemos bombardear as nuvens com substâncias químicas para provocar chuvas, mas quem fez as nuvens? Jesus contou a história de um homem rico que se parecia muito conosco. “O campo de um homem rico produziu com abundância. E arrazoava consigo mesmo dizendo: que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? E disse: farei isto: Destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e ai recolherei todo o meu produto e todos os meus bens.” (Lc. 12:16-18). Eu, eu, eu. Meu, meu, meu. Não há a menor centelha da presença de Deus. Ele não vê o Deus criador de todas as coisas.
Em segundo lugar, Deus se revela através de pessoas. Em Moisés, temos uma visão da lei de Deus; Amós revelou-nos a justiça divina; Oseías, seu amor e Miquéias, seus padrões de ética. Uma pessoa nos tratou bem quando estávamos enfermos; outra nos ajudou num transe difícil. ainda outra nós estendeu a mão num momento de solidão. alguém a quem ofendêramos nos perdoou demonstrando um espírito de amor. Deus também é revelado através de gestos assim. Nós compreendemos a Deus melhor por causa do amor de nossa mãe, ou pela vida consagrada de um amigo, ou por heroísmo como o de Joana D’Arc. O culto prestado em companhia dos irmãos e muito mais proveitoso porque sempre aprendemos alguma com os outros.
A revelação máxima de Deus é Cristo. “Quem me vê a mim, vê o Pai.”
Quando lemos os quatro evangelhos e vemos Jesus retratado neles, começamos a perceber que, na realidade, estamos vendo e Deus.
Há outra maneira de Deus se revelar. Não sei de um nome para ela, nem sei explicá-la. Poderíamos denominá-la de a voz que e um “cicio tranqüilo e suave”, ou as impressões do seu Espírito em nós. Eu posso testificar de algumas vezes — talvez bem raras — quando sentimos ter recebido uma palavra direta dele. Samuel ouviu Deus falando com ele de viva voz.
Se conhecemos a Deus, podemos dizer: “Santificado seja o teu nome”, isto é, “Torna-nos mais cônscios de ti, ó Deus, para que possamos compreender-te melhor”. E quando nossa mente está inteiramente tomada por Deus e nós fixamos os olhos nele, os pecados que nos assediam perdem domínio sobre nós, e nós nos tornamos mais prontos a ouvi-lo e obedecê-lo. É uma condição que nós precisamos preencher se quisermos orar com poder.
Bibliografia:
ALLEN, Charles. A Psiquiatria de Deus. Editora Betânia.
Seguidores
Quem sou eu
- Alexandre Brandão
- Antes de tudo sou seguidor de Jesus Cristo, e creio no evangelho como está escrito e busco tanto viver como proclamar suas verdades. Também sou teólogo, pregador do evangelho e professor de História. Simpatizo com o pensamento que revela as explorações dos sistemas políticos e mostra a alienação das massas, que carecem de uma transformação de suas consciências para chegarem a uma vida digna de seres criados a imagem de Deus.
assuntos-
- 2ª Guerra Mundial (8)
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- Alexandre o Grande (1)
- Ano Novo (3)
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- Artes (1)
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