Jesus ensina que a oração deve constar de seis ítens. Antes que o homem possa expressar qualquer um dos cinco, deve dizer: “Santificado seja o teu nome.”
Certa vez, Moisés estava no monte cuidando do rebanho. De repente, ele viu um arbusto em chamas, que contudo não se consumia. Depois de alguns instantes ele se aproximou para ver o que era.
Era Deus que se encontrava naquela planta, desejando revelar a Moisés a sua vontade para a vida dele, mas logo que o profeta se aproximou ouviu uma voz que dizia: “Tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa.” (Ex. 3:5). Isto significa que antes que Deus possa falar com o homem, este tem que mostrar respeito e reverencia.
Muitas pessoas só se lembram de orar em caso de extrema necessidade, isto é, quando tem um problema que não podem resolver por si mesmas.
Suas orações se centralizam nelas e naquilo que querem de Deus. É por isso que são poucas as pessoas que realmente oram com poder. Jesus diz que temos que colocar Deus em primeiro lugar. Santificar quer dizer respeitar, reverenciar.
Notemos, porém, que Jesus não nos manda santificar o nome de Deus.
Antes, o que fazemos é uma petição: pedimos que ele faça algo que nós não podemos fazer. Pedimos que ele santifique o próprio nome. O homem profano não pode fazer nada para Deus, enquanto o Senhor não fizer alguma coisa em favor dele. Suponhamos que um pintor — o maior gênio de todos os tempos — dissesse: “Vou subir até o espaço para pintar o céu”.
Nós nos riríamos dele. Do mesmo modo, e impossível ao homem santificar o nome de Deus. Se fossemos tentar escurecer o céu com piche, só conseguiríamos nos sujar. O céu continuaria do mesmo jeito. Então, o que e que Jesus quis dizer com esta frase?
A ênfase da sentença não se encontra no vocábulo “santificado”, mas sim em “nome”. A Bíblia e um livro de nomes. Cada nome tem um significado próprio, com a finalidade de revelar o caráter da pessoa. O nome Jesus, por exemplo, significa: Deus é salvação. Foi por isso que o anjo disse a José: “E lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.” (Mt. 1:21)
Quando André levou seu irmão a Cristo, o Senhor disse: “Tu és Simão, o filho de João”. O nome Simão significa areia; e era uma descrição de seu caráter. Mais tarde, sob a influência de Cristo, ele se tornaria uma nova pessoa. Assim sendo, Jesus disse que seu nome seria mudado: “Serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro)”, uma rocha sólida e inabalável. (Jo 1:42)
Saber o nome de uma pessoa significava conhecer a pessoa. Assim, o “nome” de Deus contém a revelação de sua natureza. Quando dizemos: “Santificado seja o teu nome”, o que estamos realmente falando é: “Revela-te a mim, ó Deus.” Jó disse: “Porventura desvendarás os arcanos de Deus ou penetrarás até a perfeição do Todo-Poderoso? (Jó 11:7). A resposta e não. O homem só pode conhecer Deus na medida em que o Senhor se revela a ele.
Walter de La Mare, poeta inglês, expressou uma dúvida que ocorre a todos nós, às vezes: “Será que há mesmo alguém lá em cima me ouvindo?” Antes de começarmos a orar, temos que nos convencer de que há alguém ali, pronto a nos ouvir, e, depois termos consciência de sua presença.
Há três maneiras — talvez quatro — pelas quais Deus se revela. Primeiro, na sua maravilhosa criação. “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.” (Sl. 19:1). Esta foi a primeira revelação que Deus fez de si mesmo. Quantas vezes estamos numa praia e nos sentimos arrebatados pela vastidão sem fim do mar. Quando nos lembramos de que ele pode segurar os mares “na concha de sua mão” (Is. 40:12), então nós temos uma pequena idéia de como é o seu poder. Ao contemplar os picos das grandes montanhas, ficamos profundamente impressionados com sua majestade e imponência.
Jesus olhou reverentemente para um “lírio do campo”, e viu nele a glória de Deus (Mt. 6:28-29).
A terra está repleta do céu; cada arbusto de mato arde com a presença de Deus”, disse a poetisa Elizabeth Browning. Quando olhamos para os céus vemos a imensidade de Deus; depois olhamos para um floco de neve e vemos sua perfeição. Um pôr-de-sol nos fala de sua beleza.
Contudo o homem moderno aventura-se a usar seu próprio conceito de divindade a fim de suprimir esta revelação de Deus. Em vez de orar pedindo chuvas, nós pensamos em chuvas artificiais. Nós podemos bombardear as nuvens com substâncias químicas para provocar chuvas, mas quem fez as nuvens? Jesus contou a história de um homem rico que se parecia muito conosco. “O campo de um homem rico produziu com abundância. E arrazoava consigo mesmo dizendo: que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? E disse: farei isto: Destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e ai recolherei todo o meu produto e todos os meus bens.” (Lc. 12:16-18). Eu, eu, eu. Meu, meu, meu. Não há a menor centelha da presença de Deus. Ele não vê o Deus criador de todas as coisas.
Em segundo lugar, Deus se revela através de pessoas. Em Moisés, temos uma visão da lei de Deus; Amós revelou-nos a justiça divina; Oseías, seu amor e Miquéias, seus padrões de ética. Uma pessoa nos tratou bem quando estávamos enfermos; outra nos ajudou num transe difícil. ainda outra nós estendeu a mão num momento de solidão. alguém a quem ofendêramos nos perdoou demonstrando um espírito de amor. Deus também é revelado através de gestos assim. Nós compreendemos a Deus melhor por causa do amor de nossa mãe, ou pela vida consagrada de um amigo, ou por heroísmo como o de Joana D’Arc. O culto prestado em companhia dos irmãos e muito mais proveitoso porque sempre aprendemos alguma com os outros.
A revelação máxima de Deus é Cristo. “Quem me vê a mim, vê o Pai.”
Quando lemos os quatro evangelhos e vemos Jesus retratado neles, começamos a perceber que, na realidade, estamos vendo e Deus.
Há outra maneira de Deus se revelar. Não sei de um nome para ela, nem sei explicá-la. Poderíamos denominá-la de a voz que e um “cicio tranqüilo e suave”, ou as impressões do seu Espírito em nós. Eu posso testificar de algumas vezes — talvez bem raras — quando sentimos ter recebido uma palavra direta dele. Samuel ouviu Deus falando com ele de viva voz.
Se conhecemos a Deus, podemos dizer: “Santificado seja o teu nome”, isto é, “Torna-nos mais cônscios de ti, ó Deus, para que possamos compreender-te melhor”. E quando nossa mente está inteiramente tomada por Deus e nós fixamos os olhos nele, os pecados que nos assediam perdem domínio sobre nós, e nós nos tornamos mais prontos a ouvi-lo e obedecê-lo. É uma condição que nós precisamos preencher se quisermos orar com poder.
Bibliografia:
ALLEN, Charles. A Psiquiatria de Deus. Editora Betânia.
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