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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

AS ‘MADURAS’ CRIANCICES DOS DISCÍPULOS



AS ‘MADURAS’ CRIANCICES DOS DISCÍPULOS
Caio Fabio



No caminho de terra e areia sobre o qual Jesus andava com Seus discípulos, a medida em que o tempo os deixava a vontade para ventarem o que existia em seus interiores diante de Jesus, o que neles havia de oculto, para eles mesmos, passava a ser revelado.

Isto porque talvez apenas Pedro e Mateus, desde sempre, tenham sido quem eram, do ponto de vista público. Afinal, já eram homens ‘definidos’ em suas personalidades. Os demais, entretanto, foram se mostrando devagar...

O moço meigo, que fazia carinho em Jesus, irmão de um outro homem bom (João e Tiago, respectivamente), ambos desejavam supremacia sobre os demais. Prova disso é que a mãe deles pediu a Jesus para que os seus dois filhos tivessem lugares à direita e à esquerda do Senhor no reino de Deus. Ora, dificilmente uma mãe faria algo assim sem que isto preexistisse como uma certa inclinação dos ‘meninos’.

Prova de que estavam meio surtados é que quando desceram com Jesus do monte onde houve a Transfiguração, logo a seguir surge a conversa de quem entre eles era o maior. Depois veio o surto de autoridade divina que os fez dizer que haviam proibido alguém que expulsava demônios, de o fazer, apenas porque ‘não andava com eles’. Não era nem mesmo um ‘não anda contigo’ o que eles disseram. Sim, com extrema facilidade, apenas porque haviam recebido certas deferências de carinho e amizade, e também de investimento de Jesus neles, eles já se sentiam “especiais”, e já falavam em nome de Jesus até contra Jesus, e já eram os que sabiam das coisas, os que decidiam quem era quem..., os que agora eram ‘sócios’ da revelação..., esquecidos de quem eram: meninos empolgados e ainda inconseqüentes. Sim, se sentiam como aqueles que olham para Jesus e dizem ‘nós’ como quem ‘inclui Jesus’; esquecidos de quem eram: apenas os convidados e os incluídos pela Graça Inexplicável.

Além disso, no prosseguimento do mesmo surto, João se enche de um ‘poder’ tão estranho ao espírito de Jesus, que deseja fazer cair fogo do céu para consumir os samaritanos.

Meu Deus! Que viagem fez esse menino, João, até virar homem, e dizer que quem ama é nascido de Deus, e quem não ama, antes odeia, esse nunca nasceu de Deus; pois, Deus é amor!

É também o caso de Pedro. Depois de exposto a todas evidencias acerca de Jesus; e depois de ter visto e ouvido tudo o que teve chance de ver e ouvir — de súbito, por ter tido o ‘privilégio’ na Graça de discernir em Jesus o Cristo, arroga-se, daí em diante, a dizer o que Jesus deveria ou não fazer de Sua vida, chegando mesmo a dizer que Jesus estava dizendo que certas coisas futuras (cruz, morte, e até a ressurreição) jamais aconteceriam, visto que ele, Pedro, jamais permitiria que Jesus se expusesse a tal besteira.

Assim, após confessar aquilo que somente por ‘revelação divina’ se poderia saber, Pedro agora ouve Jesus lhe dizer, sem meias palavras e sem delicadezas: “Arreda de mim satanás, visto que cogitas conforme os homens e não segundo Deus!”

Algum tempo depois, quando a Cruz já se avizinhava, Jesus ‘lhes’ disse que Ele e o Pai eram Um, e muitas coisas mais acerca dessa intimidade de Deus com Deus. Então Pedro disse: “Agora cremos; pois agora é que falas claramente...” Jesus apenas olhou para ele e perguntou: “Credes agora? Pois vos digo que cada um fugirá... e eu ficarei só... mas não estou só... pois o Pai está comigo”.

É à volta desse evento que Jesus também advertiu a Pedro dizendo que satanás o requerera, a fim de peneirá-lo como se faz com o trigo... e que ele abrisse os olhos... embora Jesus tenha dito que orara por ele, para que sua fé não falecesse.

Ora, o resultado dessa ‘coragem’ espiritual e humana de Pedro e dos demais, incluindo os Filhos do Trovão, João e Tiago, manifestou-se idêntica. Na hora em que o bicho pegou... cada um correu para sua casa.

Usei esses dois exemplos (os irmãos Filhos do Trovão e Pedro-Pedra), apenas para falar que foi assim e que é sempre assim..., mesmo quando se está seguindo Jesus.

O que me interessa, entretanto, é a paciência de Jesus com esses meninos, que, ‘do nada’, se fizeram ‘aquilo’ que Jesus disse que não tentassem ser e nem fazer. E mais: assusta-me ver que num curtíssimo espaço de tempo é possível que os discípulos se inflem com tais sutis presunções.

Mas Jesus não desistia deles. Cria que eles ainda fariam muita tolice e que haveria ainda muita infantilidade (anos depois Pedro teve que ser repreendido por Paulo por fazer um apostolado de ‘média’ entre os gentios e os discípulos de Tiago de Jerusalém). Ora, é essa insistência de Jesus na formação da consciência de meninos a fim de que cresçam e virem homens maduros, aquilo que mais me fascina na relação Dele com os apóstolos, os quais, muitas vezes, diziam coisas e afirmavam realidades tão impróprias e ignorantes, que até parecia que eles é que haviam chamado Jesus para segui-los...

Meu pecado é tão grande que, conquanto eu precise dessa Graça que investe em mim e na minha meninice, até que eu me torne um homem maduro em Cristo, eu mesmo sei que me resta muito pouca paciência quando vejo pessoas fazerem isto comigo. Sim, comigo que não sou nada e que não dei minha vida pela salvação de ninguém.

Ou seja: é preciso ser maduro para ver que há muitos, bem intencionados, mas que, sem delegação, começam a falar por você, ou dizer o que você lhes ensinou como se fosse algo que os acometeu por ‘osmose’... ou que em nada tivesse a ver com sua doação de vida e tempo a eles.

Nessa hora, a maturidade de quem lidera é deixar como Jesus deixou... sem abandonar; pois, um pouco mais adiante, esses esquecidos acabarão por se lembrar da realidade com mais precisão.

Sim, quando as perseguições do mundo real os fizer saber com quantos paus se faz uma cangalha.

Assim, no Caminho, quem anda mais adiante pela experiência, tem que se revestir de muita paciência; pois, os surtos de infantilidade são os mesmos que se pode perceber que marcaram a jornada de Jesus com os discípulos que seriam um dia verdadeiros apóstolos.

No passado, eu levava muito tempo para admitir que o que eu via era o que de fato estava acontecendo. E mais: levava muito tempo para falar o que via. Hoje, entretanto, sofro muito mais, pois enxergo a bobeira antes dela virar palavra ou qualquer coisa, mas me contenho; e, quando falo, é apenas quando vejo que a pessoa, mesmo recebendo toques, não se enxerga no processo interior que nela está se instalando.

Desse modo, no Caminho, não há ninguém que não seja forçado a se enxergar e a crescer. E isto acontece quando a existência nos chama de nossas sombras, expõe as nossas entranhas e estranhas motivações; ou, muitas vezes, as tentações de poder latentes em nós.

Nesses anos de ministério já vi praticamente tudo acontecer. Sim, já vi de quase tudo em relação a pessoas que receberam anos de investimento... E mais: se eu fosse ficar ressabiado com tais constatações, não me animaria a fazer mais nada com ninguém; posto que não apenas cansei de muita criancice, como também, infelizmente, meu discernimento de espíritos, até desses brandos, cresceu enormemente nos últimos anos, o que me faz ter que exercitar muito mais paciência na espera pela chegada da maturidade; pois, quando você não vê nada, é muito melhor e menos sofrido do que quando você vê o tempo todo, mas deve esperar que a Palavra e o Espírito tragam revelação interior para esses corações.

Leva muito tempo pra gente ir deixando as coisas de menino e abraçando o mundo dos adultos no Reino!

Estou escrevendo isto porque, muitas vezes, recebo cartas de gente se candidatando a dirigir ou começar Estações do Caminho; e que sei serem gente boa de Deus; mas que se vão fazer qualquer coisa comigo, quero logo deixar claro que minhas sensibilidades para idiotices e buscas de supremacia e poder estão à flor de minha pele, e, muito raramente, hoje em dia, me engano quanto a isto; embora, com Jesus, eu esteja também aprendendo que os líderes Dele sempre começam como crianças bobas e tolas em muitas coisas. E eu mesmo que o diga!

Nele, que é Aquele que nos quer apenas sendo quem somos e fazendo o quê e como Ele nos ordenou,

Caio

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