Ricardo Gondim.
Acredito que o amanhã continuará com semelhantes tempestades.
No vai e vem da vida tudo continuará se esvaindo em vaidades.
A lágrima continuará a vazar pelas valetas do desdém.
O uivo dolorido da criança que se desmancha em diarréias,
continuará abafado pela imensidão da noite.
A muralha que isola o esfarrapado continuará sólida.
A estrela do general continuará polida.
O fadista continuará ébrio de melancolia.
Mas insisto em não desistir.
Não sei explicar a força que me assalta.
Sem noção, retomo à minha sina,
minha vocação, mesmo com tanto sofrer.
A sandice de simplesmente resistir é meu vício.
Ressinto o preço de aceitar ser parceiro
do padecer humano,
mas não resisto ao aceno celeste.
Desisto do sucesso, da sagração humana.
Morro para a ambição de empunhar cetros.
Abandono a conquista dos sonhos.
Simplesmente sigo em assimilar
a mais singela de todas as façanhas:
perseverar na Esperança.
Soli Deo Gloria.
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