O tempo dos indivíduos se refere ao seu tempo específico de existência e produção, não sendo mera restrição de instintivamente viver e sobreviver, mas a intrínseca capacidade individual que cada ser humano possui de reagir a seu modo, especificamente, de fazer escolhas.
Esse poder do indivíduo esta estreitamente vinculada aos pressupostos históricos desenvolvidos ao longo do processo histórico, e difere o homem em sua essência de qualquer outro ser animado existente. Pois, ainda que todo ser vivente tenha um tempo limitado de existência, o indivíduo humano, tem a faculdade, em seu tempo, de buscar entender a vida, a sociedade e traçar metas particulares, isto é, individuais para si.
O tempo da humanidade, mais complexo e abrangente, e ao mesmo tempo indissociável do tempo dos indivíduos, pois a humanidade é o conjunto onde os indivíduos estão inseridos, se refere a um tempo mais longo, mas que se desenvolve no processo histórico a partir da articulação dos indivíduos e das classes, onde o homem vive como sujeito histórico. Enquanto no tempo do indivíduo, este possa ter ou viver uma ação próxima e ínfima, é na complexidade do tempo da humanidade, que a ação tem sua maior repercussão e profundidade, pois pode atingir indivíduos e classes ao longo do desenrolar do processo histórico. Esta ação e reação pode ser tanto positiva (valor) como negativa (contravalor), mas certamente se inicia no tempo dos indivíduos, mas não para ai, antes apenas nasce naquele tempo, para se desenvolver e se intensificar no tempo da humanidade. Portanto, cabe ao indivíduo o bom uso de suas potencialidades.
O sistema capitalista trouxe consigo uma nova concepção de tempo, a delimitação ou “controle” do tempo a serviço do capital. De forma que imperialismo, comércio, escravidão e trabalho, conceitos já conhecidos na Antiguidade, ganharam novas especificidades, moldadas ao modo capitalista, que sempre visa o lucro e não a satisfação das necessidades humanas, a acumulação de capital e não a realização social de determinada comunidade, de forma que o ser humano se reduz a carcaça do tempo, pois “o tempo é tudo, o homem não é mais nada” (MARX, p. 49, 2004); ou como está consagrado popularmente: “tempo é dinheiro”. Portanto para o capitalismo não importa os indivíduos, que podem ser substituídos por outros indivíduos, mas o emprego incensaste do tempo a serviço desse sistema.
Autor: Alexandre Brandão
Bibliografia:
MÉSZÁROS, Istvan, O Desafio e o Fardo do Tempo Histórico: O Socialismo do Século XXI. São Paulo, Boitempo, 2007.
0 comentários:
Postar um comentário