Política e Escapismo
O pecado do escapismo é uma realidade, e
mesmo os melhores dos santos têm sido tentados neste pecado. No Salmo 11, Davi
foi tentado a fugir como um pássaro para uma montanha, pois os fundamentos da
sua cultura estavam sendo destruídos. De fato, naquele capítulo ele está
descrevendo vários problemas que estamos experimentando atualmente na América.
Mas ele resistiu à tentação de escapar, e resistiu pela fé. Ele recusou escapar
das suas responsabilidades.
Uma forma de escapismo é encontrada na
declaração “nossa cidadania está no céu e devemos tirar as pessoas da terra”.
Mas Paulo não encontrou nenhuma contradição em reivindicar uma cidadania
celestial em Filipenses 3.20 e ao mesmo tempo reivindicar e usar sua cidadania
romana em Atos 16.37-39 e em 22.22-29. Nossa cidadania celestial (se
corretamente entendida) impactará profundamente nossa cidadania terrena. Ela
traz em perspectiva aquela frase maravilhosa, “Uma nação sob Deus”.
Outra forma de escapismo pode ser encontrada
na declaração, “O reino de Deus não é deste mundo”. Novamente, essa é uma
declaração verdadeira se entendemos pela palavra “de” [deste = de + este] que o
reino de Deus não é derivado deste mundo. Ele é derivado do céu. Mas o que a
oração do Senhor pede? “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na
terra como no céu.” Essa não é uma oração escapista. É uma oração que deseja
ver o reino celestial influenciar e mudar as coisas terrenas.
Outra forma de escapismo pode ser encontrada
na expressão, “Estamos buscando apenas aquelas coisas que são de cima”. Uma vez
mais, essa é uma declaração verdadeira, mas retirada do contexto. O contexto de
Colossenses 3 é que Cristo (que é de cima) é suficiente para tudo o que
precisamos na vida. Não se trata de um chamado para escapar da vida. E sabemos
isso porque Paulo continua e mostra em Colossenses como Cristo é suficiente
para as nossas relações no casamento, com os filhos, patrões, empregados e
“tudo quanto fizerdes”. Isso não é escapismo. Isso é pedir que a Sua vontade
seja feita na terra como é feita no céu. Mas era um mundo terra firma que
estava sendo afetado em Colossenses.
Outra escusa dada é que o mundo não é
importante. J Vernon McGee disse certa feita: “Você não dá uma polida no casco
do navio que está afundando”. A ideia é que quando um navio está afundando, não
se preocupe com o navio – salve almas! Ele acreditava que o nosso mundo estava
afundando, sendo o evangelismo a única coisa importante com a qual deveríamos
nos envolver. Mas João o Batista estava polindo casco quando tentou produzir
reforma política em Lucas 3.19? Não! Ele estava fazendo o que todos os profetas
do Antigo Testamento fizeram – confrontando males na sociedade e tentando fazer
a diferença. Louvo a Deus por ele estar levantando candidatos que estão
tentando produzir reforma em Washington, DC. E você verá sem dúvidas vários
deles chegando através dessas portas. Se o mundo não fosse importante, por que
o Novo Testamento diz que Deus estava em Cristo reconciliando o mundo consigo
mesmo (2Co 5.19)? Por que ele prometeria que os mansos herdariam a terra (Mt
5.5)? Por que Jesus recebeu toda a autoridade no céu e na terra no primeiro
século? Por que Romanos 13 diz que o magistrado civil é servo de Deus, um
ministro de justiça? Por que o Novo Testamento diz tanto sobre empregadores,
empregados, economia e administração da terra? Obviamente o mundo é muito
importante para Deus. A Bíblia diz, “Porque meu é todo animal da selva, e o
gado sobre milhares de montanhas”, demonstrando de maneira óbvia que ele está
interessado em gados e montanhas. Eu amo o hino cristão “Alegria para o Mundo”.
Ele diz que a graça de Deus é destinada a avançar, indo até mesmo onde a
maldição é encontrada. Isso é bem longe. A maldição tem impactado negativamente
a política? Sim, tem, e a graça de Deus é suficiente para ir bem longe, mesmo
onde a maldição é encontrada.
Fonte: http://monergismo.com/ Getting Christians Back Into Politics, p.
6-8.
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto –
janeiro/2012
Phillip G. Kayser é o pastor sênior da
Dominion Covenant Church em Omaha, Nebrasca. Recebeu o seu M.Div. do
Westminster Theological Seminary (Califórnia) e o seu Ph.D. do Whitefield
Theological Seminary (Flórida). Ele e sua esposa Kathy têm 5 filhos.
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