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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

BRASIL: RICA MISÉRIA – A má distribuição de renda.





BRASIL: RICA MISÉRIA – A má distribuição de renda.

A renda per-capita do Brasil o coloca como parte do terço mais abastado das nações mundiais. Mas pobre país rico! Apenas África do Sul e Malavi têm uma desigualdade de renda superior à brasileira, segundo análise do Banco Mundial. São 53 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza - 22 milhões delas em condições de indigência, com renda mensal inferior a R$ 60. Os dados são do estudo "Estabilidade inaceitável: desigualdade e pobreza", que acaba de ser divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão subordinado ao Ministério do Orçamento e Gestão.

O trabalho, realizado pelos pesquisadores Ricardo Henrique, Rosane Mendonça e Ricardo Paes de Barros, revela como a pobreza tem se mantido estável no Brasil nas últimas décadas. Esse quadro é atribuído a dois fatores: de um lado, a escassez de recursos; de outro, responsável por dois terços da pobreza no Brasil, a distribuição desigual de renda - ponto-chave para explicar o paradoxo de um país rico repleto de pobres.

Segundo o estudo, seria necessário transferir anualmente cerca de R$ 6 bilhões (o que corresponde a 2% da renda das famílias) para retirar esses excluídos do limite extremo da pobreza. Acabar com a miséria exigiria um pouco mais: R$ 33 bilhões anuais (o equivalente a 7%).

"A questão social nunca foi prioridade na política", afirma um dos autores, Ricardo Henriques, que também é professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). "A concepção tradicional", prossegue, "foi sempre fazer a economia crescer, para acabar com a pobreza. Houve um descaso e até mesmo a falência das políticas de combate a esse problema".

Henriques considera que a sociedade brasileira trata a desigualdade como uma coisa natural. Romper essa inércia, afirma, é fundamental para erradicar a pobreza. "Isso está ligado à cultura, à forma como se deu a abolição da escravidão, ao pacto político que se estabeleceu", diz ele. "A intensidade e a duração dessa desigualdade não seriam naturais em lugar nenhum. Acontece que a sociedade não assume essa questão como relevante". O pesquisador pondera que não está defendendo uma ruptura com o modelo capitalista: "Não se trata de pregar uma mudança para o socialismo, mas de mudar a mentalidade das pessoas. Se um governo, por decreto, tentasse romper essa desigualdade, não conseguiria", garante.

Ao estabelecer a necessidade de uma mudança da própria sociedade para criar políticas efetivas de combate à pobreza, o estudo do Ipea reafirma a importância das ações articuladas pelas organizações do Terceiro Setor - seja através de iniciativas locais de desenvolvimento sustentado ou de um trabalho de conscientização e formação da cidadania, abrindo a perspectiva de debates e criando instrumentos para pressionar o Estado para a adoção de novas políticas públicas.

"A ideia da constituição de um espaço público não-governamental é estratégica para a mudança", diz Henriques. "O papel das organizações do Terceiro Setor é chave, é vital. O Terceiro Setor não deve ser um apêndice nesse processo", afirma. "O importante é fazer com que essa questão da desigualdade seja parte da agenda política do país. E se a sociedade topar fazer essa discussão, eu fico otimista", confessa.
E a discussão já começou. Quando Herbert de Sousa, o saudoso Betinho, iniciou a campanha nacional "Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida", o tema ganhou as ruas e a mídia. Anos depois, a luta ainda é a mesma. Essa foi -ainda é - uma iniciativa da própria sociedade, que preferiu não ficar à espera do poder público ou refém do que se convencionou chamar de vontade política - um bordão de poucos resultados.

(Disponível em: www.novae.inf/ricamiseria.html.2001)





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